Alcandorada no alto de uma pequena elevação esta capela ocupa a mais importante posição dominante de Braga.
Teve um papel importante na urbanização de Braga. Acredita-se que D. Rodrigo quis que se avançasse com esta obra porque sabia que aos pés da capela se viria a desenvolver o maior empreendimento urbanístico que Braga teve entre a morte de D. Diogo de Sousa (1532) e os meados do século XIX.
Estamo-nos a referir à praça e ao conjunto de ruas que formam o então chamado Bairro do Reduto, mais conhecido por Campo Novo.
Na forma como estão traçadas estas ruas vê-se que há dois pontos geradores: a Capela de Guadalupe e, em extremos opostos, o Recolhimento de Santa Maria Madalena, ou das Convertidas e a Igreja de São Vicente.
Além da importância urbanística a capela passaria a servir para o culto de muitas pessoas que vieram morar para aqui, evitando-se que se deslocassem aos templos do Campo de Sant’ana e à Igreja de São Vicente.
A planta da capela é invulgar em Braga, cidade em que se encontram muitos templos de planta centrada, como também é o caso deste. Aqui o espaço não se resume à forma de cruz grega porque a ela se acrescentam quatro quartos de círculo com exactamente a metade da medida dos seus eixos principais, ou seja, a planta torna-se absolutamente curvilínea, invulgar em toda a área do arcebispado.
A fachada tem, sensivelmente a meio da parte superior, uma edícula profunda, onde, protegida por um vidro, está uma imagem da padroeira.
O interior é dominado pelo retábulo-mor, de talha fina e rendilhada, concebida por André Soares – a mais importante personalidade artística que a cidade teve em toda a sua história bimilenar – em 1768, um ano antes de morrer.
Apesar da sua singeleza, sente-se neste retábulo que Braga estava ainda em plena efervescência do estilo rococó, bem visível em todos os pormenores decorativos e na projecção do túrgido frontão. Só daí a alguns anos é que começaria a surgir na cidade o estilo neoclássico, pela mão do engenheiro Carlos Amarante.
Foi executado pelo conhecido entalhador Manuel da Costa Carneiro.
Os altares colaterais são bem mais simples e pequenos; são do estilo neoclássico. Neles foram instaladas as quatro confrarias que entre 1797 e 1801 se uniram à de Nossa Senhora de Guadalupe.
Embora os muros da cerca que envolve a capela sejam do séc. XIX, os mesários já em meados do séc. XVIII tinham alcançado do arcebispo autorização para a sua construção. Esta medida tinha a ver com a protecção das oliveiras que ocupavam toda a sua área.
Nos finais do terceiro quartel do séc. XIX este espaço foi transformado num parque muito procurado pelo público.
A ideia foi boa porque o local é muito aprazível e é um excelente miradouro sobre a freguesia. Contudo havia o problema da vigilância do parque que exigia a presença permanente de um guarda, que nem a junta nem a polícia tinham possibilidades económicas para manter. Daí resultou o encerramento dos portões.
Em Agosto de 1973 foi inaugurado um parque infantil que também deixou de funcionar.
Actualmente há um grupo de reformados que utiliza as pequenas construções que se vêem do lado sul do adro como local de encontro, café, repouso, etc.
Em 2000 a ASPA – Associação para o Estudo, Defesa e Divulgação do património Cultural e Nacional enviou ao Instituto Português do Património Cultural um pedido de classificação para que a Capela de Nossa Senhora de Guadalupe seja considerada como Imóvel de Interesse Público. Está ainda a correr o processo.
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